Pesquisadora do DOVE vence prêmio para mulheres na ciência da L’Oréal-Unesco-ABC
A pesquisadora do Centro de Pesquisas DOVE, Luciana Tovo, é uma das vencedoras do programa “Para Mulheres na Ciência 2020”, promovido pela L’Oréal Brasil, em parceria com a Unesco no Brasil e a Academia Brasileira de Ciências (ABC).
A cientista do DOVE, que ganhou o prêmio na categoria Ciências da Vida, foi reconhecida por sua pesquisa sobre os efeitos da pandemia de Covid-19 sobre o estresse crônico de adolescentes. “Como crianças e adolescentes apresentam, em sua maioria, sintomas mais brandos decorrentes do coronavírus e não representam um grupo economicamente ativo, poucos estudos têm se dedicado a entender os efeitos da pandemia nessa população”, comenta Tovo.
Para comparar os níveis de estresse antes e depois da pandemia, o estudo irá medir os níveis do hormônio cortisol a partir de amostras de cabelo coletadas de mais de 3,4 mil adolescentes de 15 anos, acompanhados em um estudo de coorte desde o nascimento dos participantes, no ano de 2004, em Pelotas (RS). O cabelo pode revelar o nível de estresse crônico de uma pessoa por concentrar o hormônio cortisol – o “hormônio do estresse” – dos últimos meses. Entre novembro de 2019 e início de março, os pesquisadores fizeram as coletas de mechas de cabelo de aproximadamente 1,9 mil jovens – a partir de março, os exames foram suspensos em função das medidas sanitárias para prevenir a disseminação do coronavírus. Após o período crítico da pandemia, nova coleta será feita com os outros 1,5 mil participantes do estudo. Ao comparar as amostras dos grupos pré e pós pandemia, os cientistas poderão avaliar o impacto da pandemia sobre o estresse crônico desses adolescentes, com base nos níveis de cortisol acumulados nos últimos três meses.
“Nesse momento sem precedentes pelo qual estamos passando, o relato de percepção de sintomas de estresse tem sido comum. Porém, nenhum estudo ainda avaliou isso do ponto de vista fisiológico. Mas como poderíamos quantificar esse estresse? O estudo vai proporcionar uma medida objetiva, com base em um marcador biológico, do impacto desse período sobre o sistema hormonal relacionado ao estresse no organismo. Como os níveis do hormônio cortisol são ligados a problemas de saúde como obesidade, hipertensão, problemas de sono, depressão e ansiedade, entender de que maneira a pandemia está impactando o organismo dos adolescentes em relação a esse hormônio é fundamental, pois níveis elevados de cortisol podem ter consequências importantes para a saúde nos anos seguintes à pandemia.”, explica a autora.
O prêmio, que completa quinze anos nesta edição, tem como objetivo apoiar o empoderamento feminino no contexto científico, contribuindo para equilibrar as relações de gênero no cenário da ciência no país. A partir dessa perspectiva, já premiou mais de cem pesquisadoras, distribuindo aproximadamente R$4,5 milhões em bolsas-auxílio. A edição deste ano, além do investimento financeiro, inclui um treinamento da UNESCO para cada uma das sete cientistas, com duração de dois dias e programação de webinars sobre gênero, carreira, media training e outros assuntos relacionados às mulheres na ciência.
Outros trabalhos vencedores dessa edição incluem o desenvolvimento de um método para preservar plantações de soja em períodos inesperados de seca e uma pesquisa sobre a origem dos raios cósmicos e sua possível relação com galáxias de intensa formação de estrelas. Para conhecer as sete cientistas e os trabalhos premiados, acesse: https://www.paramulheresnaciencia.com.br/noticias/loreal-brasil-unesco-e-abc-divulgam-as-7-vencedoras-do-programa-para-mulheres-na-ciencia-2020/.