Consequências de problemas de conduta e violência

Estudamos as consequências da violência sobre desfechos sociais e de saúde em quatro coortes de nascimentos em Pelotas, que acompanham 20 mil crianças nascidas em 1982, 1993, 2004 e 2015 no Sul do Brasil. Durante o andamento das coortes, os índices de violência grave aumentaram vertiginosamente na cidade. Assim, cada uma das quatro coortes esteve exposta a níveis bastante diferentes de violência desde a primeira infância, e os estudos representam um extraordinário laboratório de base populacional para investigação do impacto da violência em um contexto social em mudança. As coortes de Pelotas detêm uma ampla variedade de dados de alta qualidade sobre saúde física, saúde mental, educação, emprego, comportamento e funcionamento social. Combinando informações detalhadas sobre exposição à violência, utilizamos esses dados para estudar as consequências tanto da violência comunitária como da violência doméstica contra mulheres e crianças sobre desfechos sociais e de saúde.

Nossa pesquisa mostrou que o abuso emocional na infância é especialmente preditivo de depressão entre jovens meninas, conforme resultados da Coorte de 1993 em Pelotas.¹ Roubos também foram fortemente associados com o risco de desenvolvimento de transtorno mental comum, depressão e ansiedade em jovens adultos.² Atualmente, estamos coletando amostras de cortisol capilar para medir os níveis de estresse biológico crônico como um possível mecanismo que relaciona a exposição à violência ao desenvolvimento de transtornos mentais (Estresse Tóxico e Desenvolvimento). Mostramos, também, que dificuldades de comportamento infantil estão fortemente associadas ao risco de problemas de saúde mais à frente e a outros desfechos negativos no início da vida adulta. Tanto na Coorte de 1993 em Pelotas, no Brasil, como na coorte ALSPAC, no Reino Unido, crianças com problemas de conduta apresentaram aumento similar do risco para violência futura,³ transtornos emocionais e falta de escolarização, emprego ou treinamento⁴.

.

Colaboradores: Gemma Hammerton (Universidade de Bristol), Andrea Gonzalez (Universidade McMaster)

Financiamento: Wellcome Trust

Referências:

1. Gallo E A G, De Mola C L, Wehrmeister F, Gonçalves H, Kieling C, Murray J. Childhood maltreatment preceding depressive disorder at age 18 years: A prospective Brazilian birth cohort study. Journal of Affective Disorders 2017; 217: 218-224. PDF

2. Murray J, Lima N P, Ruivo A C O, Ramírez Varela A, Bortolotto C C, Magalhães E I d S, Menezes A M B. Lifelong robbery victimisation and mental disorders at age 18 years: Brazilian population-based study. Social Psychiatry and Psychiatric Epidemiology 2018 53(5): 487-496. PDF

3. Murray J, Menezes A M B, Hickman M, Maughan B, Gallo E, Matijasevich A, Victora C. Childhood behaviour problems predict crime and violence in late adolescence: Brazilian and British birth cohort studies. Social Psychiatry and Psychiatric Epidemiology 2015; 50(4): 579-589. PDF

4. Hammerton G, Murray J, Maughan B, Barros F C, Gonçalves H, Menezes A M B, Heron J. Childhood Behavioural Problems and Adverse Outcomes in Early Adulthood: a Comparison of Brazilian and British Birth Cohorts. Journal of Developmental and Life-Course Criminology 2019; 5(4): 517-535. PDF

Voltar para projetos