Estresse tóxico e desenvolvimento

A exposição à violência e a outras formas de estresse tóxico nos primeiros anos de vida está relacionada a prejuízos do desenvolvimento cognitivo e social, com consequências que podem persistir por toda a vida. Realizamos medidas da exposição ao estresse por meio de entrevistas e questionários com pais e jovens e análise de marcadores biológicos nas coortes de Pelotas que acompanham 20 mil crianças nascidas em 1982, 1993, 2004 e 2015 no Sul do Brasil.

Ambientes estressantes podem sobrecarregar pais e cuidadores, reduzindo sua capacidade de proporcionar acolhimento às crianças e aumentando o risco de práticas parentais ríspidas e inadequadas. Maus tratos podem vir à tona em situações como as de estresse intenso, uso de álcool ou drogas, ou condições criminais ou psiquiátricas dos pais. No primeiro estudo desse gênero em um país em desenvolvimento, estamos examinando o estresse crônico entre mães para determinar como essa condição influencia as práticas parentais e o desenvolvimento cognitivo e psicossocial da criança. Um mecanismo chave pelo qual o estresse pode afetar o desenvolvimento infantil é através da desregulação do eixo HPA (Hipotálamo-Pituitária-Adrenal). Avaliamos a ativação crônica do eixo HPA usando medidas dos níveis de cortisol capilar em mães e crianças, para testar se os níveis desse marcador biológico do estresse são preditores da agressividade e do desenvolvimento sociocognitivo da criança. O estudo PIÁ está avaliando se intervenções de orientação e apoio a pais com filhos pequenos podem evitar essa cadeia de eventos adversos.

Colaboradores: Andrea Gonzalez (McMaster University), Isabel Oliveira (Universidade Federal de Pelotas)

Financiamento: Wellcome Trust

Referência

1. Martins RC, Tovo-Rodrigues L, Oliveira I, et al. Determinants of hair cortisol in preschool children and their mothers: A Brazilian birth cohort study. Psychoneuroendocrinology. 2023;150:106027. doi:10.1016/j.psyneuen.2023.106027PDF

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